20/02/2024 – A inteligência artificial (IA), especialmente modelos de linguagem como o ChatGPT, está revolucionando a escrita e publicação científica, proporcionando um aumento significativo na produtividade dos pesquisadores. No entanto, essa nova ferramenta também traz consigo uma série de desafios éticos e operacionais.
Desde seu lançamento em novembro de 2022 pela OpenAI, o ChatGPT rapidamente se tornou uma ferramenta popular entre cientistas, sendo até listado como autor em alguns trabalhos de pesquisa. Um levantamento da Nature em 2023 revelou que cerca de 30% dos cientistas utilizaram IA generativa para auxiliar na redação de manuscritos.
Os modelos de linguagem como o ChatGPT democratizaram o acesso a ferramentas avançadas de IA, permitindo que pesquisadores sem especialização em computação as utilizem para escrever códigos, gerar ideias de pesquisa e realizar revisões de literatura. Esse avanço oferece benefícios significativos, como a edição e tradução de textos para pesquisadores não nativos em inglês, além de assumir tarefas repetitivas e intensivas em mão de obra.
No entanto, a capacidade do ChatGPT de gerar textos convincentemente humanos não está isenta de falhas, incluindo a produção de informações fabricadas ou “alucinações”. Além disso, o aumento na produção de trabalhos científicos pode sobrecarregar ainda mais editores e revisores de periódicos, dificultando a distinção entre pesquisas significativas e contribuições de menor valor.
A adoção generalizada de IA na escrita científica levanta questões sobre o sistema de recompensas acadêmicas atual, que valoriza a quantidade de publicações em detrimento da qualidade. Esse modelo, conhecido como “publicar ou perecer”, pode precisar ser revisado para priorizar trabalhos de alta qualidade em vez da produção em massa de artigos.
As editoras científicas estão respondendo com políticas sobre o uso de IA, exigindo que o uso de ferramentas como o ChatGPT seja devidamente reconhecido nos trabalhos. Embora a detecção de textos gerados por IA seja um desafio, a transparência no uso dessas ferramentas é fundamental para manter a integridade da pesquisa científica.
Enquanto a IA continua a se desenvolver, pesquisadores, editoras e agências de financiamento precisarão navegar por essas águas inexploradas, equilibrando os benefícios da hiperprodutividade com a necessidade de manter práticas de pesquisa éticas e responsáveis.
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